segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A Primavera, símbolo de Renovação

Chegou a Primavera e, jovens ou não, esta data encerra para todos um sentimento de renovação e esperança. Assim, pelo menos durante um dia, imaginamos que as coisas hão-de florescer, que as coisas hão-de resultar melhores, que as coisas tendem para um futuro que tentamos vislumbrar feliz.
Mas este sentimento não passa desse dia, nem tão pouco os nossos esforços por fazer uma primavera do ano todo.
Filosofia-Estações-Primavera-2013
Qual homens amnésicos que tivessem perdido a memória de ler – ainda que tendo lido muito alguma vez – olhamos sem ver, e entendemos sem entender os ritmos da natureza. Uma pequena e escondida voz interior diz-nos que a Primavera não é somente uma das estações do ano, um momento entre tantos, mas que o reverdecer da natureza é uma mensagem, uma linguagem que nos quer transmitir algo, ainda que não saibamos o quê. Imitando, como só podem fazer os que não têm memória, vestimo-nos de claras cores, começamos a sentir o calor “psicologicamente”, e exteriorizamos umas ânsias de renovação que muitas vezes não vão além de uma boa limpeza geral na nossa habitação.
E aqui não é onde terminamos de entender a linguagem da natureza. É certo que ela se veste com novas roupas na Primavera. Mas ela veste-se todas as primaveras, ano atrás ano, inexoravelmente, com uma paciência infinita, quase sobre-humana. E na natureza, depois da primavera vem o verão, ou seja, depois da renovação das formas, vêm os frutos dessa renovação, a plasmação das ânsias de eclosão que no princípio foram apenas sementes…
No entanto nós, homens, continuamos curtos… Chegamos a perceber uma renovação, mas não a fazemos constante; não fazemos da evolução a nossa linha de conduta, e anos atrás anos, longe de deixar as nossas peles conscientemente, necessitamos do empurrão e dos embates da vida, às vezes por prazer, às vezes pela dor, às vezes por contemplar o calendário quando por fim é Primavera. Satisfazemo-nos com impulsos que morrem logo depois de nascer; bastam-nos lampejos de luz em vez de romper as trevas definitivamente; parece-nos que é suficiente a semente sem suspeitar sequer que ela já encerra em si a futura planta; e, quando muito, desejamos que a planta apareça da semente sem fazer nada por isso, sem a regar, sem a cuidar, sem posicioná-la para que receba os benéficos raios do sol.
Recordemos que na semente já está contido o seu fruto, e não cuidar da semente é um crime que atenta contra o fruto mais que contra ela mesma. Matar uma semente, negar-lhe o seu esforço, é como matar o futuro no presente. E sonhar com a árvore do futuro sem começar por cuidar de uma semente, é limitar-se ao plano dos devaneios sem utilidade alguma.
Hoje, na Primavera, é o momento. Hoje podemos escolher a semente da árvore do nosso futuro. Hoje podemos decidir como serão os ramos e as folhas que nos darão sombra amanhã. E para nós que queremos construir Acrópoles, cidades altas com almas elevadas, hoje é o momento de cultivar a semente que jaz latente em cada um de nós esperando a água bendita do conhecimento e da confiança.
Delia Steinberg Gúzman
Directora Internacional da Nova Acrópole

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