Em 1771, o astrônomo britânico William Herschel e sua irmã Caroline descobriram o planeta Urano. Depois de várias observações, a órbita de Urano foi estabelecida, de modo que suas efemérides (a posição dele no céu em qualquer tempo) foram estabelecidas com base na teoria da gravitação de Newton. Acontece que Urano teimava em não seguir essas efemérides, ora se adiantando, ora se atrasando da posição prevista.
Em 1821, o astrônomo francês Alexis Bouvard, estudando o comportamento anômalo de Urano, propôs que havia um outro corpo celeste, com um tamanho compatível com Urano, que o estava atrasando e adiantando em sua órbita. Vinte anos depois, com base nessa hipótese, o francês Urbain Le Verrier e o inglês John Couch Adams, ambos matemáticos e astrônomos calcularam de forma independente a posição de Urano considerando também a perturbação gravitacional de um outro corpo.
Adams conseguiu que o diretor do Observatório de Cambridge começasse a busca por Netuno em agosto de 1846, mas nada foi encontrado até setembro. Neste meio tempo Le Verrier enviou uma carta ao Observatório de Berlin com as posições calculadas. Coube a um estudante sugerir ao astrônomo alemão Johann Gottfried Galle que comparasse os desenhos da região apontada por Le Verriet, observada algum tempo atrás, com as novas observações.
Na noite do mesmo dia que a carta chegou ao observatório, Galle descobriu Netuno a apenas um grau da posição prevista por Le Verrier e 12 graus da posição prevista por Adams em 23 de setembro de 1846.
Decidiu-se que ambos mereciam o crédito pela descoberta, mas uma onda revisionista recente propôs que Adams não merecia o mesmo crédito de Le Verrier. Apesar de ter sido descoberto por Galle, o primeiro a ver Netuno foi Galileu Galilei em dezembro de 1612 enquanto observava Júpiter. Em janeiro de 1613 ele teria anotado que essa “estrela” teria se mexido em relação às observações anteriores, mas não desconfiou que poderia ser um planeta e não continuou a observá-lo.
Rotações Netuno |
Autor: Cássio Barbosa é doutor e pós-doutor em astronomia e leciona na Universidade do Vale do Paraíba. Sempre comprometido com ensino e divulgação, neste espaço traz as últimas novidades dos céus de maneira descomplicada e descontraída.
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