A Agência Espacial Americana (Nasa) anunciou no Dia da Astronomia, quinta-feira (2), que pesquisadores encontraram, em um lago da Califórnia, Estados Unidos, bactéria que incorpora o arsênio - um veneno letal para a maioria dos seres vivos - no DNA. O que, diziam empolgados os cientistas, terá impacto na busca de formas de vida extraterrestre. Mas por quê?
Em busca de uma explicação científica e compreensível para leigos, o Yahoo! entrevistou Carlos Alexandre Wuensche, professor titular e responsável pela linha de pesquisa em cosmologia do obersvatório do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O astrofísico é apaixonado pela astrobiologia, ciência que estuda a vida fora da Terra, desde 2004. E, com exclusividade, responde as principais dúvidas sobre o tema:
Yahoo! - Qual a importância da descoberta?
Carlos Alexandre Wuensche - O principal é que está confirmado, mas tem gente que contestou a pesquisa, que existem outras possiblidades de a vida se rearranjar, diferentemente do que conhecíamos até agora. A gente sabia que os seres vivos eram compostos por carbono, nitrogênio, oxigênio, hidrogênio, fósforo e enxofre. A supresa está nessa bactéria, no lugar do fósforo, usar arsênio. Para entender, imagine que o DNA é uma escada. O fósforo é a lateral da escada, neste caso, no lugar dele, há o arsênio. Além disso, trata-se do inesperado porque o arsênio é um veneno para a maioria das espécies.
Y! - Por que alguns pesquisadores contestam a descoberta?
CAW - Quem contesta diz que o arseniato no lugar do fosfato deveria gerar uma reação química que desmontaria a estrutura do DNA. Mesmo assim, a descoberta é fantástica porque deve haver uma reação que a gente não conhece que estabiliza o DNA composto com arseniato. Agora, os pesquisadores estão procurando outras bactérias em lugares ricos em arsênio para checar se existem outras semelhantes.
Y! - Mas já existia hipótese de vida baseada em outros elementos químicos, não é?
CAW - Um artigo, publicado em 2003, falava da hipótese de vida baseada em silício. O problema é que ele possui uma série de limitações físicas. No lugar da água - que permite que aconteçam processos químicos que dão origem à vida -, deve existir nitrogênio, amônia ou metano líquido. Mesmo assim, um fator complica essa criação. O silício trabalha em temperatura abaixo de zero, em por volta de -200 ºC. O metabolismo nessa condição é mais lento e a energia é baixa, tornando essa formação mais complicada. Sem contar que nitrogênio, amônia ou metano líquido são menos abundantes que a água.
Y! - Por que os pesquisadores relacionaram a descoberta com a chance de encontrar vida fora da Terra?
CAW - Porque, até agora, a gente procurava algo parecido com o que conhecemos na Terra. Com a descoberta, há uma versatilidade para procurar vida fora do planeta. Pode ser que perdemos a chance de encontar vida fora do planeta, por não saber que certeza se existia desse tipo. Mas os pesquisadores não começaram o estudo, no lago da Califórnia, de olho nisso. Eles estudavam o lugar por ser muito salino e, mesmo assim, existirem bactérias vivendo bem lá. Sem querer, ao ver que o DNA incorpora o arsênio, surgiu a surpresa.
Y! - Quais as principais dificuldades em encontrar vida fora da Terra?
CAW - Desconsiderando encontrar vida inteligente, já que outra civilização teria que enviar um sinal para cá e a gente captar, pode ser que resquícios de bactérias que já existiram ou bactérias vivas sejam encontradas em Marte ou nas luas de Júpiter. Na Terra, mais de 99% dos organismos vivos são bactérias. Em Marte, por exemplo, há uma grande quantidade de gás metano. Sabe-se que o elemento pode ser derivado de respiração vegetal e o nitrogênio, por exemplo, de decomposição de sistemas vivos. Então, o subsolo do planeta pode estar repleto de bactérias ou, outra hipótese, é que alguma atividade geológica como vulcões gera o gás. O solo do planeta será escavado e analisado em busca de bactérias. A melhor maneira é ir até os planetas, luas, etc. Mas as distâncias entre eles e a Terra são muito grandes. Para chegar ao sistema estelar mais próximo de nós, o Alfa Centauri, seriam necessários 176 mil anos viajando na velocidade do ônibus espacial (28 mil km/h).
Y! - Por que por telescópio ainda não encotramos vida extraterrestre, já que podemos analisar os compostos de corpos celestes?
CAW - A gente tem que ter a sorte de apontar para o lugar certo. Além disso, para se ter uma ideia, de 500 planetas encontrados fora do Sistema Solar apenas no máximo seis são parecidos com a Terra. Talvez, a próxima geração de satélites seja capaz de ver mais longe e analisar os elementos químicos desses planetas.
Y! - Apesar de todos esses obstáculos, acredita-se que ainda encontraremos vida em outro lugar que não seja a Terra? Aliás, por que os cientistas insistem nas luas de Júpiter?
CAW - Pensando de maneira bem ortodoxa, se eu tiver que apostar uma garrafa de um bom vinho, diria que encontraríamos vida simples como bactérias dentro do Sistema Solar. Só não saberia dizer quando, pois seria um chute. Pode demorar 100 anos ou dez. As luas de Júpiter alimentam esperanças por terem um tamanho parecido com o da Terra e uma temperatura média acima de 0ºC, que consegue manter a água líquida - um ambiente bacana para as bactérias aparecerem. Uma vida mais complexa já é outra história. Primeiro, pois como surgiu a vida na Terra continua sendo um mistério. Aliás, esse é o pulo do gato. Depois, a evolução é algo mais complicado ainda. Envie uma bactéria para o espaço. É capaz que ela sobreviva em uma rocha por anos. Um ser humano morreria por vários motivos, falta de oxigênio, radiação, infecção.
Por Isis Nóbile Diniz, da Redação Yahoo! Brasil
Esse blog é dedicado as pessoas que gostam de boas leituras e que sempre estão atrás de programas culturais que envolvam entretenimento e cultura. Sejam Bem Vindos e Aproveitem!!!! Edmilton C. Furtado
sábado, 1 de janeiro de 2011
Matéria e antimatéria podem ser criadas do nada
Sob as condições adequadas - que incluem um feixe de laser de ultra-alta intensidade e um acelerador de partículas de dois quilômetros de extensão - pode ser possível criar algo do nada.
É o que garante Igor Sokolov e seus colegas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.
O grupo desenvolveu novas equações que descrevem como um feixe de elétrons de alta energia, combinado com um intenso pulso de laser, pode rasgar o vácuo, liberando seus componentes fundamentais de matéria e antimatéria, e desencadear uma cascata de eventos que gera pares adicionais detectáveis de partículas e antipartículas.
Não é a primeira vez que cientistas afirmam que um super laser pode criar matéria do nada. De um nada que não é exatamente ausência de tudo, mas uma sopa fervilhante de ondas e campos de todos os tipos, onde partículas virtuais surgem e desaparecem o tempo todo.
Em 2008, um artigo publicado na revista Science descreveu como a matéria se origina de flutuações do vácuo quântico.
"Agora nós pudemos calcular como, a partir de um único elétron, podem ser produzidas várias centenas de partículas. Acreditamos que isso acontece na natureza, perto de pulsares e estrelas de nêutrons," afirma Igor Sokolov, um dos autores do estudo.
Foi um grupo de brasileiros que demonstrou recentemente que uma estrela de nêutrons pode acordar o vácuo quântico.
Na base de todos estes trabalhos está a idéia de que o vácuo quântico não é exatamente o nada.
"É melhor dizer, acompanhando o físico teórico Paul Dirac, que um vácuo, ou um nada, é a combinação de matéria e antimatéria - partículas e antipartículas. Sua densidade é tremenda, mas não podemos perceber nada delas porque seus efeitos observáveis anulam-se completamente," disse Sokolov.
Em condições normais, matéria e antimatéria destroem-se mutuamente assim que entram em contato uma com a outra, emitindo raios gama, que já se imaginou aproveitar para construir um laser de raios gama.
"Mas sob um forte campo eletromagnético, este aniquilamento, que tipicamente funciona como um ralo de escoamento, pode ser a fonte de novas partículas," explica John Nees, coautor do estudo. "No curso da aniquilação, surgem fótons gama, que podem produzir elétrons e pósitrons adicionais."
Um fóton gama é uma partícula de luz de alta energia. Um pósitron é um anti-elétron, uma partícula gêmea do elétron, com as mesmas propriedades, mas com carga positiva.
Reação em cadeia
Os que os cientistas calculam é que os fótons de raios gama produzirão uma reação em cadeia que poderá gerar partículas de matéria e antimatéria detectáveis.
Em um experimento, preveem eles, um campo de laser forte o suficiente irá gerar mais partículas do que as injetadas por meio de um acelerador de partículas.
No momento, não existe nenhum laboratório que tenha todas as condições necessárias - um super laser e um acelerador de partículas - para testar a teoria.
Mas, para Sokolov, o tema já é fascinante o suficiente do ponto de vista filosófico.
"A questão básica do que é o vácuo, o que não é o nada, vai além da ciência," afirma ele. "Ela está profundamente incorporada não apenas nos fundamentos da física teórica, mas também da nossa percepção filosófica de tudo - da realidade, da vida, e até mesmo da questão religiosa sobre se o mundo poderia ter vindo do nada."
Recentemente, físicos do LHC conseguiram capturar antimatéria pela primeira vez - veja também CERN dá mais um passo no estudo da antimatéria.
Bibliografia:
Pair Creation in QED-Strong Pulsed Laser Fields Interacting with Electron Beams
Igor Sokolov, Natalia Naumova, John Nees, Gérard Mourou
Physical Review Letters
December 2010
Vol.: 105 (19)
DOI: 10.1103/PhysRevLett.105.195005
É o que garante Igor Sokolov e seus colegas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.
O grupo desenvolveu novas equações que descrevem como um feixe de elétrons de alta energia, combinado com um intenso pulso de laser, pode rasgar o vácuo, liberando seus componentes fundamentais de matéria e antimatéria, e desencadear uma cascata de eventos que gera pares adicionais detectáveis de partículas e antipartículas.
Criar matéria do nada
Não é a primeira vez que cientistas afirmam que um super laser pode criar matéria do nada. De um nada que não é exatamente ausência de tudo, mas uma sopa fervilhante de ondas e campos de todos os tipos, onde partículas virtuais surgem e desaparecem o tempo todo.
Em 2008, um artigo publicado na revista Science descreveu como a matéria se origina de flutuações do vácuo quântico.
"Agora nós pudemos calcular como, a partir de um único elétron, podem ser produzidas várias centenas de partículas. Acreditamos que isso acontece na natureza, perto de pulsares e estrelas de nêutrons," afirma Igor Sokolov, um dos autores do estudo.
Foi um grupo de brasileiros que demonstrou recentemente que uma estrela de nêutrons pode acordar o vácuo quântico.
O que é o nada?
Na base de todos estes trabalhos está a idéia de que o vácuo quântico não é exatamente o nada.
"É melhor dizer, acompanhando o físico teórico Paul Dirac, que um vácuo, ou um nada, é a combinação de matéria e antimatéria - partículas e antipartículas. Sua densidade é tremenda, mas não podemos perceber nada delas porque seus efeitos observáveis anulam-se completamente," disse Sokolov.
Em condições normais, matéria e antimatéria destroem-se mutuamente assim que entram em contato uma com a outra, emitindo raios gama, que já se imaginou aproveitar para construir um laser de raios gama.
"Mas sob um forte campo eletromagnético, este aniquilamento, que tipicamente funciona como um ralo de escoamento, pode ser a fonte de novas partículas," explica John Nees, coautor do estudo. "No curso da aniquilação, surgem fótons gama, que podem produzir elétrons e pósitrons adicionais."
Um fóton gama é uma partícula de luz de alta energia. Um pósitron é um anti-elétron, uma partícula gêmea do elétron, com as mesmas propriedades, mas com carga positiva.
Reação em cadeia
Os que os cientistas calculam é que os fótons de raios gama produzirão uma reação em cadeia que poderá gerar partículas de matéria e antimatéria detectáveis.
Em um experimento, preveem eles, um campo de laser forte o suficiente irá gerar mais partículas do que as injetadas por meio de um acelerador de partículas.
No momento, não existe nenhum laboratório que tenha todas as condições necessárias - um super laser e um acelerador de partículas - para testar a teoria.
Mas, para Sokolov, o tema já é fascinante o suficiente do ponto de vista filosófico.
"A questão básica do que é o vácuo, o que não é o nada, vai além da ciência," afirma ele. "Ela está profundamente incorporada não apenas nos fundamentos da física teórica, mas também da nossa percepção filosófica de tudo - da realidade, da vida, e até mesmo da questão religiosa sobre se o mundo poderia ter vindo do nada."
Recentemente, físicos do LHC conseguiram capturar antimatéria pela primeira vez - veja também CERN dá mais um passo no estudo da antimatéria.
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"A questão básica do que é o vácuo, o que não é o nada, vai além da ciência." [Imagem: iStockphoto/Evgeny Kuklev/Umich] |
Bibliografia:
Pair Creation in QED-Strong Pulsed Laser Fields Interacting with Electron Beams
Igor Sokolov, Natalia Naumova, John Nees, Gérard Mourou
Physical Review Letters
December 2010
Vol.: 105 (19)
DOI: 10.1103/PhysRevLett.105.195005
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Não tem Festa de Ano Novo na Estação????
Caros o governo Ana Júlia cometeu vários absurdos e para fechar com Chave de ouro esse desastroso governo, não teremos a tradicional queima de fogos e nem festa de Réveillon na estação das docas. Festa tradiconal a mais de 10 anos na cidade.
Este ano, a Estação das Docas não realizará a já tradicional festa de Réveillon. A dificuldade na captação de recursos para a promoção do evento impossibilitou o mesmo, segundo a diretoria da festa. Desta forma, informamos os horários de funcionamento do complexo no feriado de Ano Novo:
31/12 – das 12 às 16 horas
01/01 – das 10 às 3 horas
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Festa de Ano Novo - Estação Docas |
Caros o governo Ana Júlia cometeu vários absurdos e para fechar com Chave de ouro esse desastroso governo, não teremos a tradicional queima de fogos e nem festa de Réveillon na estação das docas. Festa tradiconal a mais de 10 anos na cidade.
Este ano, a Estação das Docas não realizará a já tradicional festa de Réveillon. A dificuldade na captação de recursos para a promoção do evento impossibilitou o mesmo, segundo a diretoria da festa. Desta forma, informamos os horários de funcionamento do complexo no feriado de Ano Novo:
31/12 – das 12 às 16 horas
01/01 – das 10 às 3 horas
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
A Filosofia Ontem e Hoje
A filosofia tem sido representada muitas vezes pela imagem de uma mulher mais ou menos séria, altiva e bonita que gera ao seu redor sentimentos desencontrados: de atração e dificuldade, de anseio e admiração, desejo e recusa.
Talvez a culpa não seja de seu porte digno, nem de sua roupa, mas sim do texto que, às vezes, leva na mão, ao que muitos tacham de incompreensível ou inútil, por não responder às suas necessidades imediatas ou ao programa de vida diário. Tudo isso responde à realidade da Filosofia Antiga, ou é uma deformação gerada pela longa viagem que sua imagem realizou no tempo?
Perguntemo-nos: gostaríamos de ser feliz, não ter carências, ser fortes na adversidade, ser livres e bons? Gostaríamos de ter uma vida plena e perfeita, viver divinamente?
Pois tudo isso e muito mais são dons da sabedoria e a Filosofia é o amor à Sabedoria.
Acabamos de descobrir a pólvora mais uma vez, sabemos o que procuramos, mas a questão é: sabemos como encontrar? Porque desejar não é difícil, o difícil é encontrar, e será tão mais difícil se não colocarmos os meios, se não formos responsáveis com nossos desejos mais íntimos. O absurdo ou paradoxo humano mais freqüente é procurar algo e caminhar na direção contrária, assim é como nos perdermos, nos sentimos longe da meta, desorientados e sós.
E ainda nos perguntamos: essa sabedora ou vida perfeita e plena, está fora de nós? É algo que podemos conseguir? Não, não é possível! O fim mais nobre da vida não pode depender das circunstâncias, tem que depender de nós mesmos. Ao não poder controlar as circunstâncias nem os outros estaríamos nas mãos de nossa namorada, marido, pais, amigos, instituições, forças da natureza... O mundo teria que ser a nossa medida, e não, não é!
Ortega dizia (e muitos o escutaram): "Eu sou eu e minhas circunstâncias."
Façamos um simples esquema:
Circunstâncias ------- Eu
Dependência --------- Autonomia
Escravidão ----------- Liberdade
Sofrimento ---------- Felicidade
Mal ------------------- Bem
Ignorância ----------- Sabedoria
A Filosofia é o caminho que leva das circunstâncias ao Eu mesmo, da Ignorância à Sabedoria. Não é um instrumento, pois nasce no coração humano, não é exterior ao filósofo, é Amor (ou um desejo muito forte) que nasce no filósofo, não vem de fora, nem de Platão, nem de Sócrates, ou de Aristóteles, eles são somente um exemplo, algo que pode estimular-nos. A filosofia de cada um é seu Amor à perfeição da vida que é a Sabedoria. A Sabedoria está no Universo, mas nasce e se expressa no Sábio como um modelo, que pode ser seguido, mas não transferido.
A ignorância, entretanto, nasce de mim, da minha falta de Eu, de minha falta de ser. Logo, Como me aproximo da Sabedoria? Transformando-me pelo caminho do Amor à Sabedoria, pelo caminho da Filosofia. O instrumento sou eu, e me transformo servindo ao Amor, servindo à Filosofia. Aproximarmo-nos da Filosofia é aproximarmo-nos de nosso coração, de nossos desejos mais profundos, para a verdadeira meta da Vida. Nosso problema é, sobretudo, de atitude, de disposição equivocada e, também da falsa imagem do que é Filosofia.
Talvez a culpa não seja de seu porte digno, nem de sua roupa, mas sim do texto que, às vezes, leva na mão, ao que muitos tacham de incompreensível ou inútil, por não responder às suas necessidades imediatas ou ao programa de vida diário. Tudo isso responde à realidade da Filosofia Antiga, ou é uma deformação gerada pela longa viagem que sua imagem realizou no tempo?
Perguntemo-nos: gostaríamos de ser feliz, não ter carências, ser fortes na adversidade, ser livres e bons? Gostaríamos de ter uma vida plena e perfeita, viver divinamente?
Pois tudo isso e muito mais são dons da sabedoria e a Filosofia é o amor à Sabedoria.
Acabamos de descobrir a pólvora mais uma vez, sabemos o que procuramos, mas a questão é: sabemos como encontrar? Porque desejar não é difícil, o difícil é encontrar, e será tão mais difícil se não colocarmos os meios, se não formos responsáveis com nossos desejos mais íntimos. O absurdo ou paradoxo humano mais freqüente é procurar algo e caminhar na direção contrária, assim é como nos perdermos, nos sentimos longe da meta, desorientados e sós.
E ainda nos perguntamos: essa sabedora ou vida perfeita e plena, está fora de nós? É algo que podemos conseguir? Não, não é possível! O fim mais nobre da vida não pode depender das circunstâncias, tem que depender de nós mesmos. Ao não poder controlar as circunstâncias nem os outros estaríamos nas mãos de nossa namorada, marido, pais, amigos, instituições, forças da natureza... O mundo teria que ser a nossa medida, e não, não é!
Ortega dizia (e muitos o escutaram): "Eu sou eu e minhas circunstâncias."
Façamos um simples esquema:
Circunstâncias ------- Eu
Dependência --------- Autonomia
Escravidão ----------- Liberdade
Sofrimento ---------- Felicidade
Mal ------------------- Bem
Ignorância ----------- Sabedoria
Caminho Filosófico
A Filosofia é o caminho que leva das circunstâncias ao Eu mesmo, da Ignorância à Sabedoria. Não é um instrumento, pois nasce no coração humano, não é exterior ao filósofo, é Amor (ou um desejo muito forte) que nasce no filósofo, não vem de fora, nem de Platão, nem de Sócrates, ou de Aristóteles, eles são somente um exemplo, algo que pode estimular-nos. A filosofia de cada um é seu Amor à perfeição da vida que é a Sabedoria. A Sabedoria está no Universo, mas nasce e se expressa no Sábio como um modelo, que pode ser seguido, mas não transferido.
A ignorância, entretanto, nasce de mim, da minha falta de Eu, de minha falta de ser. Logo, Como me aproximo da Sabedoria? Transformando-me pelo caminho do Amor à Sabedoria, pelo caminho da Filosofia. O instrumento sou eu, e me transformo servindo ao Amor, servindo à Filosofia. Aproximarmo-nos da Filosofia é aproximarmo-nos de nosso coração, de nossos desejos mais profundos, para a verdadeira meta da Vida. Nosso problema é, sobretudo, de atitude, de disposição equivocada e, também da falsa imagem do que é Filosofia.
Por Delia Steinberg Guzmán
Co-diretora Internacional da Escola de Filosofia Nova Acrópole
domingo, 17 de outubro de 2010
Cirio 2010

Novamente em outubro a cidade se enfeita e o clima muda em Belém. Novamente as ruas ficaram lotadas e cheias de devoção e respeito a padroeira dos Paraenses. Novamente milhares de pessoas vão as ruas e cumprem suas promesas e renovam suas crenças e convicções.
Esse renovar de convições também acontece durante e depois da procissão por aqueles que não estão ali para simplesmente acompanhar a santa. Esses são os voluntarios que auxiliam a cruz vermelha. Este ano esse número ultrapassou o marca das 10 mil pessoas.
Oque move esses voluntarios? Acredito que seja uma forma diferente de devoção. Uma devoção a um pulsar da alma que se realizar ao ajuda o próximo. Afinal teria algum sentido para a nossa mentalidade comum de auxiliar alguém quando poderia estar ali para simplesmente agradeçer a uma benção divina? Infelizmente vivemos em um mundo onde o trabalho voluntario é pouco entendido e principalmente vivido.
Durante o Cirio a quantidade de pessoas assistidas pela cruz vermelha é enorme. Não é um trabalho facil e em alguns momentos é bastante conturbado. Mas toda a dificuldade e cansaço fisico é esquecido quando se faz necessário entrar em ação e salvar alguém e retira-lá do meio da multidão.
A resposta da maioria dos voluntarios, depois da batalha da procissão, foi de se sentir, apesar de esgotado, renovado.
Essa renovação, esse poder de conquistar novas energias da onde não sabiamos que tinhamos advém única e exclusivamente da capacidade humana de se lançar ao socorro do próximo. Talvez esse seja o nosso verdadeiro poder que é trazido junto com a satisfação do dever cumprido. E que possamos aprender mais está lição do mês de outubro, que podemos ser mais do que meros espectadores não apenas em uma procissão mas por que não da nossa vida e que sair da etapa de mero espectador é que vai fazer com quem possamos ser muito mais do que enxergamos hoje.
domingo, 30 de maio de 2010
O que nos Ensina Platão sobre o Amor?
O amor é um dos aspectos mais importantes de nossa vida e está presente em nossas conversas. Existem inúmeros filmes e canções sobre amores felizes e infelizes. Inúmeras vezes, as lágrimas ou a emoção nos embargam por razões de amor. Entretanto, o homem e a mulher de nossa época não concebem o amor como uma disciplina pendente, como algo para aprender, é somente um sentimento espontâneo: a paixão ou o desejo sexual. E, nas consultas a psicólogos, as perguntas mais comuns sobre o amor se referem a: como podemos ser amados? Nunca a: como podemos aprender a amar? Mas, a que chamamos amor? O amor é desejo sexual? É algo mais? É o mesmo que amar aos pais, aos filhos, aos amigos, a nosso companheiro, companheira? E o amor ao nosso cão, gato ou periquito? E o amor a nós mesmos é somente egoísmo? O tema é muito mais vasto do que nos sugere a primeira impressão. Platão dizia que o céu se move por amor. Dante, por acaso, argumentava como Platão quando dizia que era o amor que movia o sol e as estrelas? É o mesmo amor de uma pessoa que amar o trabalho, a Pátria? E o amor à justiça, à ciência, à arte? E o amor a Deus e o amor de Deus?Eros, o amor, é o tema do diálogo "O Simpósio", ou mais conhecido como "O Banquete", obra deste enorme filósofo que foi Platão. Platão nos situa num típico banquete grego, com suas duas partes: primeiro a comida em comum e logo a bebida em comum que era a desculpa para que o anfitrião oferecesse um entretenimento de caráter estético como o canto, a dança, a música, ou um diálogo de idéias, com seus discursos, reflexões. Neste caso, tratava-se de um banquete em que os convidados de Agaton, poeta que havia triunfado no último debate literário, proferiram um elogio do amor.Assim que acalmado o coro de admirações que havia suscitado o florido elogio a Agaton, Sócrates se desculpa humildemente de não pronunciar um discurso por não ser capaz de competir com os demais. Diz: "Eu acreditava tontamente que é necessário dizer a verdade a respeito do que se elogia, mas pelo visto não é assim e o que importa é acumular elogios exagerados, atribuindo ao amor o maior e mais belo que se possa encontrar, sem preocupar-se se é verdade."Com seu diálogo, Sócrates faz reconhecer a Agaton que suas palavras eram bastante ocas, pois escondiam contradições dentro de sua beleza e persuasão. Dizia Agaton que o amor era belo, bom e que ansiava, desejava, tendia ao belo, mas todo desejo representa anseio de algo, que é algo que não se tem, e que se apetece ter, ou o temos e talvez não sabemos se amanhã estará conosco e desejamos tê-lo sempre.Portanto, se Eros aspira ao belo não pode ser o mesmo belo, mas necessitado de beleza. E, portanto, não é um deus, pois não é possível um deus sem beleza. Esta refutação pode parecer ríspida, mas Sócrates a faz com humildade, e confessa que a ele ocorreu o mesmo, que ele acreditava que o amor era belo e bom, e foi Diótima, uma sacerdotisa que respondeu às suas inquietudes.Se o amor não é belo nem bom, será feio e mau? Certamente que não. O não ser belo nem bom não implica necessariamente ser feio e mau, como o não ser sábio não implica necessariamente ser ignorante. Entre beleza e feiúra, bondade e maldade - como entre sabedoria e ignorância há meio termo, e este é o caso do amor. Por ele, não tem que considerar, como faz a opinião comum, como um grande deus, já que não se pode negar aos deuses a beleza e a bondade. Não é um deus, nem um mortal, é um grande daimon, um intermediário entre deuses e mortais. A idéia é simples, o amor é o caminho, o elo de união com aquilo que chamamos perfeito, divino, formoso, serve de união e comunicação enchendo o vazio que existe entre o visível e o invisível. Por amor somos capazes de fazer e viver aquilo que o corpo biológico não pode conceber, é o heróico, por exemplo: por amor alguém deixa sua tranqüilidade e comodidade e entrega sua vida a serviço dos demais, seja curando enfermos, ensinando crianças. A atitude de serviço pode começar por varrer o chão, saber escutar ou resolver um problema ecológico, social, ou pôr um pouco de beleza física, de cortesia, são inspirações da consciência, do coração que não vem do materialismo egoísta, mas do amor.Em seguida, Diótima passa a descrever um mito sobre o amor. Quando nasceu Afrodite, os deuses celebraram com um banquete, e entre outros estava também o deus Poros, o filho de Inventiva, que significa o que tem recursos, abundância. Veio a mendigar na sala do festim Penia, a pobreza, a indigência. Poros, embriagado de néctar, o licor dos imortais, saiu do jardim a espalhar, com o sonho, os eflúvios. Estendido estava quando avistou Penia, a qual pensou que o melhor era aproveitar a oportunidade que lhe era oferecida e procurar um filho de Poros: Eros. Concebido neste dia do nascimento de Afrodite, o amor está sempre no cortejo da deusa. E por ser Afrodite extremamente bela, corresponde ao amor o ser amante do belo. De sua mãe tem, em primeiro lugar, o andar sempre em apuros, e por sua aparência não é, contra o que pensa a maioria, nada delicado e belo, pelo contrário, anda sempre esfomeado, descalço, eternamente dormindo no chão, sem outra cama que o chão, os caminhos ou os umbrais das portas. Não o encontraremos nem nos palácios, nem nos bancos, nem nas caixas fortes, não precisa de dinheiro, é humilde. De seu pai, em troca, tem o andar sempre à espreita do belo e do bom que não possui, e ser valente, perseverante e arrojado, apaixonado pela inteligência, fecundo em recursos, incomparável feiticeiro. Quem não reconhece nestas qualidades a força que o amor desperta em nós?Além do mais o amor anseia possuir um bem com a intenção de que dure para sempre. O amor se converte em apetite de imortalidade, e como consegue? A resposta tem grandes pretensões moralizantes ou metafísicas, mas arranca por inteiro o processo natural do amor físico. A natureza alcança a perpetuação com a procriação, com os filhos. A procriação é o único caminho da natureza para perpetuar-se. As rosas não são eternas, mas a cada primavera temos seu perfume limpo, jovem. Platão aplica esta mesma lei para a natureza espiritual: o anseio de geração não se limita ao corpo, mas tem sua analogia na alma. E, além do mais, a fecundidade da alma é muito superior à do corpo, e se manifesta, sobretudo, em obras de pensamento, arte, poesia e inventos de toda espécie. As pessoas dotadas dessa fecundidade - da alma -, se enamoram do belo - é o amor de um artista por sua criação ou de um mestre por seu discípulo - e por amor alguém se esforça em conduzir a pessoa, a pedra ou a idéia até a máxima perfeição, desenvolvendo todas as possibilidades latentes. É a idéia do amor como uma "paidéia" ou atividade formativa.A partir deste momento, a conversação alça vôo e começam a soar palavras de alta tensão: "mistério", "iniciação"... Há uma via a seguir para chegar à contemplação do belo em si. Mas se requer uma iniciação, uma subida através de etapas dialéticas: primeiro nasce o amor à beleza corporal, é uma educação estética, se ama um corpo, e mais além se vê que o belo não está circunscrito a um só corpo, é ver que a beleza de um corpo é irmã gêmea da do outro, e não só os seres humanos, mulheres e homens são belos, há beleza em tudo, na natureza: animais, montanhas e nuvens. Chega, em segundo, lugar o amor e a beleza das almas, a beleza moral, à conduta e é uma beleza muito mais preciosa. Assim, alguém prefere uma alma bela a um corpo belo, um bom caráter a uns olhos verdes, um coração sábio a umas longas pernas. Existe uma beleza interior e tem mais alta estima que a física. A partir de agora já é capaz de reconhecer o belo em todas as atividades e leis e se desenvolve o amor ao conhecimento, amar as projeções do espírito, da ciência, das artes e chegar ao supremo: o amor ao belo, que se oferece, de repente, quando se recorreu ao caminho anterior. De repente, se verá, como um relâmpago, uma beleza de natureza maravilhosa.A iniciação tem sido lenta e gradual, e a revelação, ao contrário é instantânea. Platão somente diz: "Beleza que existe eternamente, e nem nasce nem morre, nem mingua nem cresce; beleza que não é bela por um aspecto e feia por outro; nem agora bela e depois não; nem tampouco bela aqui e feia em outro lugar, nem bela para alguns e feia para outros. Nem poderá tampouco representar-se esta beleza como se representa, por exemplo, um rosto ou umas mãos, ou outra coisa alguma pertencente ao corpo, nem como um discurso ou como uma ciência, mas que existe eternamente por si mesma e consigo mesma. A sacerdotisa disse que este é o momento da vida, que mais que qualquer outro o homem deve viver: a contemplação da beleza em si." E o que já não é possível, pois pertence à ordem do êxtase místico, é descrevê-lo, é êxtase, pois transcende, é sair fora de nossa pequenez e entregar-se ao mar imenso do belo.A filosofia é o caminho de retorno até a reconquista de nossa natureza: uma vida harmônica e o amor à sabedoria conduzem ao triunfo do melhor que há em nós. A filosofia é uma loucura divina, é amor à sabedoria. O filósofo está possuído por um deus, em estado de perpétuo entusiasmo, buscando o belo que é o bom e é o justo, e por isso o filósofo deprecia tudo aquilo que os demais se dedicam com tanto zelo, seja dinheiro, fama ou poder. E pela mesma razão acham que são loucos, porque para a maioria passa despercebida a possessão divina, este amor por todos, por tudo, pela vida. O conhecimento não é, em Platão, frio jogo racionalista de conceitos. A metafísica de Platão é uma metafísica de Eros.Eros, como a alma e como o filósofo, pertence a esta linhagem de seres intermediários entre o mundo das idéias e o das coisas materiais, e cuja missão consiste em por em comunicação ambos os mundos. Por amor platônico se entende até hoje o amor espiritual, o amor que nos transcende, amor impossível dizem, mas não, é o amor que faz possível os impossíveis, que nos faz sentir irmãos, acima das diferenças.Por quê? Essa é a pergunta do filósofo. Por que Platão insiste em que temos que aprender a amar? É preciso aprender a AMAR, porque no nosso mundo falta muito Amor, e é preciso voltar a estender a mão e oferecer algo para comer, para sobreviver, e além de um sonho, um Ideal. É preciso um Amor que nos faça vencer o medo de dar, dar generosamente o melhor que temos, dar com carinho, dar um sorriso, dar dinheiro que quase é o mais simples, atenção, tempo, fé, confiança, o que seja..., mas DAR. Necessitamos do amor que nos limpe do barro do materialismo, esse que não fala de receber, de ser amados, há que se descontaminar, e ao dar e esvaziarmo-nos, entrará de novo não só o canto dos pássaros e dos rios, mas as vozes dos que sofrem, e amá-los, e com eles amar a história, não a dos conflitos mas a das uniões, já basta de guerras! É preciso o amor que deixa os demais viver em liberdade. Há guerras, porque nós temos esquecido de AMAR com maiúsculas. AMAR as esperanças, as nossas e as dos demais, os versos que nunca escrevemos, mas escreveremos, os beijos que não demos mas daremos, as orações que não pudemos pronunciar, mas que voltaremos a por os joelhos em terra e os olhos nas estrelas e nascerá o sentido sagrado da vida, o AMOR que nos faz sentir e encontrar de novo a Deus
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Quais são os conhecimentos que podem suavizar a dor?
São muitas as doutrinas, tanto filosóficas como religiosas, que nos ensinam que o sofrimento cessa com o conhecimento. E esta afirmação que cremos entender, de alguma forma, nos leva a propormos algumas perguntas: quais são os conhecimentos que podem suavizar a dor? que limites têm esses conhecimentos? É evidente que nem todos os conhecimentos servem para trazer a felicidade aos homens. Também é evidente que se o conhecimento tivesse limites, também a dor seria limitada...
Entretanto, a vida nos mostra continuamente que a dor é infinita, e que quando um conhecimento nos traz alívio, surge de imediato uma nova dor que supera a anterior e exige outro tipo de conhecimento que a diminua.
Assim, ante nossa pergunta de quais os conhecimentos que ajudam efetivamente a vencer a angústia humana, temos que somente aqueles que apagam a ignorância interior e semeiam uma luz imperecível cumprem sua real missão. Nem sempre basta enchermos a cabeça de dados a que chamamos "conhecimento", mas é preciso que esses dados signifiquem uma resposta aos nossos chamados e inquietudes. Os conhecimentos também podem medir-se segundo sua maior ou menor duração e, de acordo com os filósofos de todas as épocas, os que mais duram são os que mais se aproximam da Verdade. Neste caso, a duração é um equivalente de permanência, de imutabilidade, de estabilidade perfeita. E daqui deriva nossa "Atitude Acropolitana" de buscar aquelas idéias constantes, as que sempre são repetidas ao longo da História em uma ou outra linguagem, porque vemos nestas idéias equivalentes uma mostra da mesma verdade vestida com diferentes roupagens.
E quais são os limites destes conhecimentos, já que os limites são dados pela própria evolução humana? O horizonte tem a altura dos olhos que o miram: quanto mais cresce o homem, mais amplo se faz seu horizonte, e quanto mais caminha esse homem alto, esse homem acropolitano, mais retrocede o horizonte, abarcando extensões infinitas e hoje desconhecidas. Mas, por outro lado, ante o homem que se arrasta e se deixa cair nas dificuldades, o horizonte é apenas uma linha muito próxima, sem esperanças e sem maiores vislumbres. O que agora é mistério pode ser amanhã conhecimento; o que agora é escuridão pode ser luz amanhã; o que agora é horizonte linear pode ser amanhã caminho largo e pleno de perspectivas. Mas é preciso homens valorosos, capazes de lutar erguidos e de não parar no caminho por muitos que sejam os espinhos que machuquem seus pés. Somente ante esses homens o Mistério abre suas portas e se torna Conhecimento. Somente ante esses homens o conhecimento é tão amplo para anular todo o sofrimento, toda a ignorância, toda a incompreensão, para, enfim, transformar em rosas tudo o que começou sendo espinhos.
Delia Steinberg Guzmán
Entretanto, a vida nos mostra continuamente que a dor é infinita, e que quando um conhecimento nos traz alívio, surge de imediato uma nova dor que supera a anterior e exige outro tipo de conhecimento que a diminua.
Assim, ante nossa pergunta de quais os conhecimentos que ajudam efetivamente a vencer a angústia humana, temos que somente aqueles que apagam a ignorância interior e semeiam uma luz imperecível cumprem sua real missão. Nem sempre basta enchermos a cabeça de dados a que chamamos "conhecimento", mas é preciso que esses dados signifiquem uma resposta aos nossos chamados e inquietudes. Os conhecimentos também podem medir-se segundo sua maior ou menor duração e, de acordo com os filósofos de todas as épocas, os que mais duram são os que mais se aproximam da Verdade. Neste caso, a duração é um equivalente de permanência, de imutabilidade, de estabilidade perfeita. E daqui deriva nossa "Atitude Acropolitana" de buscar aquelas idéias constantes, as que sempre são repetidas ao longo da História em uma ou outra linguagem, porque vemos nestas idéias equivalentes uma mostra da mesma verdade vestida com diferentes roupagens.
E quais são os limites destes conhecimentos, já que os limites são dados pela própria evolução humana? O horizonte tem a altura dos olhos que o miram: quanto mais cresce o homem, mais amplo se faz seu horizonte, e quanto mais caminha esse homem alto, esse homem acropolitano, mais retrocede o horizonte, abarcando extensões infinitas e hoje desconhecidas. Mas, por outro lado, ante o homem que se arrasta e se deixa cair nas dificuldades, o horizonte é apenas uma linha muito próxima, sem esperanças e sem maiores vislumbres. O que agora é mistério pode ser amanhã conhecimento; o que agora é escuridão pode ser luz amanhã; o que agora é horizonte linear pode ser amanhã caminho largo e pleno de perspectivas. Mas é preciso homens valorosos, capazes de lutar erguidos e de não parar no caminho por muitos que sejam os espinhos que machuquem seus pés. Somente ante esses homens o Mistério abre suas portas e se torna Conhecimento. Somente ante esses homens o conhecimento é tão amplo para anular todo o sofrimento, toda a ignorância, toda a incompreensão, para, enfim, transformar em rosas tudo o que começou sendo espinhos.
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