sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A Moça do Táxi – Uma amante de Belém


Belém completa seus 400 anos, e nada melhor do que reforçamos nosso amor pela cidade. Esse amor e carinho pela capital da Amazônia, podemos notar em diversos setores da cidade, em grandes personagens da nossa história e também nos contos populares. E para reforçar essa ideia vamos refletir sobre a Moça do Táxi.

Josephina Conte - A moça do Táxi
Essa é uma das estórias de assombração mais divulgadas em Belém, e não é por menos, afinal, aqui a moça do Táxi, tem nome e sobrenome. Mas antes disso, vamos resumir um pouco dessa lenda urbana paraense.

“... Um dia qualquer do ano. Porém sempre na mesma data. A moça faz sinal para o táxi, geralmente de quatro portas, sentando-se atrás.  Solicita ao motorista que vá ao bairro da Cidade Velha. Pede para ir devagar pelo largo da Sé (Praça Frei Caetano Brandão); volteia o largo do Carmo, faz questão de ir ao porto do Sal, dirige-se em seguida ao Arsenal da Marinha, solicitando sempre marcha lenta.

Nesse momento o motorista, já desconfiado, interrogar a moça sobre o destino final da viagem, mas a mesma apenas solicita que fique dando voltas nos pontos turísticos da cidade, e em especial, Cidade Velha e Bairro de Nazaré.

No final, ela desce do táxi em frente a uma residência no bairro de Nazaré (em outras versões ela pega o táxi em Nazaré e desce no cemitério Santa Izabel), e solicita que seja cobrada a corrida no outro dia.

No dia seguinte, pela manhã, o motorista foi ao endereço dado pela moça.

 - Bom dia! Mora aqui o Senhor fulano?

 - Bom dia! Sim, mora. O que o senhor deseja?

 - Vim cobrar uma corrida de táxi da filha dele.

 - Mas ele não tem filha, ou melhor, nós não temos, porque sou esposa dele.

 - Não é possível, não tenho porque lhe mentir....

 - Ontem uma moça assim, correu toda a cidade em meu carro e me mandou cobrar aqui, dizendo ser filha do senhor fulano e que o passeio era o seu presente de aniversário (ou então refere-se à corrida casa-cemitério ou vice –versa).

Neste momento na sala, o motorista vê o retrato da moça, e a reconhece.

 - Não é possível, essa moça era nossa filha, mas ela já morreu há tanto tempo...E realmente, o pai costumava lhe dar de presente uma volta de táxi pela cidade.

O motorista começa a ficar muito nervoso. Já não se interessava nem em cobrar a corrida. Só quer esclarecer se a moça que pegou o seu carro estava viva ou não.

O caso é solucionado pela chegada do marido, que afirma a morte da moça, prontificando-se a leva-lo ao cemitério. E lá, mostra o túmulo, onde o motorista vê um retrato igual ao que havia na casa…”

Trecho da história, retirado do livro “Visagens e Assombrações de Belém”, do Jornalista Walcyr Monteiro.
Viagens e Assombrações de Belém

A identidade da moça do Táxi, já foi revelada há muito tempo, ela está relacionada a Josephina Conte.

Filha de Nicolau Conte, imigrante Italiano, dono da Sapataria Boa Fama. Josephina nasceu em 19 de abril de 1915, era uma moça de classe privilegiada da Grande Belém, e estudava no colégio Santo Antônio. No dia de seu aniversário, seu pai costumava dar de presente um passeio de táxi pela cidade, e dessa passavam bons momentos juntos e assim foi por toda a década de 20.

Naquela época os táxis eram chamados de chofer e também eram um meio de ostentação, pois o valor do carro de aluguel, não era barato.


Praça Batista campos - Belém Antiga
A cidade vivia o final do ciclo da borracha, que deixou Belém, como uma das cidades mais desenvolvidas do país, onde contava com tecnologias que não existiam em cidades do sul e sudeste, como por exemplo o Cinema Olympia (o mais antigo do Brasil em funcionamento), inaugurado em 21 de abril de 1912, o belo Teatro da Paz, inspirado no teatro Scala de Milão, o mercado do Ver – o – Peso a maior feira livre da América Latina, Palácio Antônio Lemos, Praça Batista Campos, dentre outros.

Praça Batista Campos - Anos 20


Era uma Belém bucólica mas com ares de cidade Europeia, A “Paris N’América”, como se intitulava. Não era difícil entender, o porquê do presente do pai, era de um passeio por uma Belém saudosa e majestosa. Amor e admiração pela cidade que unia pai e filha.
Belém Antiga

Josephina, sempre fora descrita como uma moça bela, com rosto angelical, alegre e com um perfume de rosas, que deixava os ambientes onde estava sempre mais delicados. Aos 16 anos, sofreu forte pneumonia, onde veio a falecer em 16 de agosto de 1931. Na verdade a morte dela é cercada de muito mistério, uns relatam tuberculose, e outras fontes da própria família, já afirmaram que a radiografia dela indicava objetos pontiagudos parecidos com alfinetes em seus pulmões, fato reforçado por uma colega da escola Santo Antônio, que afirmava que ela estava triste com o pai, por tê-la proibido de ir em um baile com os amigos.

Bem, a verdade dos fatos, foi que a garota com aspecto angelical e com um perfume suave de rosas, havia deixado esse plano para, 2 anos após seu falecimento, entrar para o imaginário paraense.

Começou a circular pela cidade, a notícia que uma bela moça, que solicitava um táxi, e após entrar no mesmo, sumia, deixando apenas um delicado perfume de rosas. Conta um dos familiares de Josephina, que durante um almoço de família, apareceu um taxista, cobrando uma corrida, e informando que era da filha do casal, o taxista só parou de cobrar a corrida, quando viu o retrato e as explicações dos pais que a filha já não existia mais. A corrida foi paga, e dessa forma nasceu a lenda da moça do táxi.

Em 1997, a irmã de Josephina Itália Conte, já com 89 anos, concedeu uma entrevista para TV Liberal, onde afirmava que jamais houve cobrança de corridas pela cidade, e que seus pais morreram sem nunca saber da estória da moça do táxi. Outros familiares, em especial um sobrinho de Itália, discordam das informações dadas a emissora, e assim temos mais um mistério nessa interessante lenda.

Bom, o que sabemos é de uma bela história de um amor de pai e filha, e do ensinamento repassado, da admiração pela cidade. Todas as aparições de Josephina, mostram que ela, apenas que rever os locais por onde viverá, ou seja, a sua única intenção é ver Belém. Andar pelos túneis de mangueiras, ver as luzes e o brilho nas ruas, ver as praças e saber que ainda são lindas, que são belas, que trazem um passado forte e vitorioso. Mas Belém está suja, esquecida pelas autoridades, tem algo para ver? Sim, tem. Basta que tenhamos o mesmo olhar da moça do táxi, um olhar de admiração e carinho por essa terra, e como estamos vivos, trazer esse sentimento para nossas ações do dia a dia.

Viva Belém pelos seus 400 anos, Viva a moça do Táxi!
Autor: Edmilton Furtado

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leia Mais !!!!!!!!!!!!!!!!!!1

A Moça do Táxi – Uma amante de Belém

Belém completa seus 400 anos, e nada melhor do que reforçamos nosso amor pela cidade. Esse amor e carinho pela capital da Amazônia, podemo...